2 de novembro de 2011

02-11-2011 10:41

 

Mas que sei eu
 
Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas 
que pressinto no meu fundo abandono 
Nenhum súbito lamenta 
a dor de assim passar que me atormenta 
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha



Ruy Belo
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